Logunedé - a festa da fé
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA
FUNDO ESTADUAL DE CULTURA
APRESENTAM:
A presente Exposição Fotográfica reúne imagens selecionadas de celebrações públicas em reverência ao Orixá Logunedé, entre os anos 2010 e 2015, na comunidade-terreiro Ilê Axé Afro-brasileiro Oxóssi e Óxum, situado à Rua Marechal Falcão da Frota, 1010, no bairro Realengo da Cidade do Rio de Janeiro.
Fundada em 13 de maio de 1977 pelo saudoso Babalorixá José Carlos d’Oxóssi, em novembro de 2004, após os rituais intimistas em homenagem ao seu passamento, a comunidade-terreiro passou a liderança da Iyalorixá Márcia d’Logunedé.
Nascida para o Mundo dos Homens e das Opiniões, aos quatro dias do mês de fevereiro do ano 1963, à luz da lua crescente e sob o signo de aquário, Márcia da Silva Pereira é uma mulher brasileira, que viveu a sua infância e adolescência em Magalhães Bastos, bairro da zona oeste do município do Rio de Janeiro, cujos habitantes são de etnias e classe sócio-econômica não privilegiadas. Firmando uma personalidade aguerrida, Márcia cresceu adotando e provocando no outro, modos de fazeres conjuntos a fim de ultrapassar os muros da desigualdade, por trás dos quais, estão oprimidos e, em muitos casos, aprisionados, os corpos excluídos pelos padrões hegemônicos de sociedades forjadas no colonialismo.
Durante a sua infância, ela viveu em brincadeiras como uma criança livre, mas cresceu ganhando a responsabilidade sobre os dois irmãos mais novos. E foi assim, fortalecendo os laços familiares, que Márcia afirmou-se como protetora da família e das crianças, especialmente aquelas desprivilegiadas de acolhimento, mesmo nas situações de enfrentamentos mais difíceis.
Já se anunciava então, a sua orientação divinatória abraçada por Pai Logunedé no momento em que Márcia nasceu do ventre da sua Mãe, Dona Necy da Silva Pereira, uma grande mulher preta.
No seio familiar predominantemente evangélico, na adolescência, Márcia passou a frequentar a Umbanda e inaugurou na sua Família consanguínea, a inserção em uma Religião cuja orientação espiritual ou doutrinária é efetivada pelos Guias de Luz que se manifestam nos médiuns, através da prática da incorporação. Esses Guias têm a sabedoria e o conhecimento pleno sobre a natureza humana e os atributos para que a humanidade possa evoluir e seguir por caminhos melhores.
Em um processo contagiante, Márcia seguiu intensificando as suas visitas as giras de Umbanda e solidificando os seus investimentos profissionais, congruentes aos princípios de proteção e acolhimento, os quais nortearam a sua infância e adolescência. Nesse contexto, após graduada em Enfermagem, ela concluiu Especialização em Enfermagem e Obstetrícia.
Ao longo desse percurso, Márcia estreitou aproximações também com a Religião dos Orixás, acumulando uma passagem marcante pela Nação Angola. Em 23 de setembro de 1989, Márcia da Silva Pereira nasceu novamente, sendo que, para o Orixá. Foi consagrada, como Dofona Márcia d’Logunedé, no Ilé Axé Afro-brasileiro Oxóssi e Óxum/Nação Ketu, pelas mãos da Iyalorixá Dacle d’Possun e do Babalorixá José Carlos d’Oxóssi; como Mãe Pequena, a Egbomi Gildete d’Iansã.
Hoje, junto ao seu Zelador Babalorixá Jorge d’Oxóssi, a Iyalorixá Márcia d’Logunedé/Márcia da Silva Pereira atua no mercado de trabalho como Enfermeira Obstetra e, na qualidade de Zeladora de Orixá, dá continuidade a comunidade-terreiro, levando à frente com muito amor, dignidade, dedicação e preciosismo, o grande e honrando legado deixado de herança por Pai Oxóssi para Pai Logunedé – “Santo menino que velho respeita”¹.
Logunedé é um Orixá métaméta. Métaméta é uma palavra que em iorubá significa “três”, se traduz como “três ao mesmo tempo”. Logunedé é métaméta porque congrega em si mesmo três naturezas: a da mãe, Óxum; a do pai, Inlê; e a sua própria – o poder mágico da mutação. Ele se mostra conforme quer ser visto. (LOPES, Nei; 2007)².
- O feiticeiro mostra a pele que desejar -
Significado aproximado de um dos oriquís de Pai Logunedé.
“ Ológun fihòn awo,
funfun lóni ni òla
ó yióò fihòndúdú...”
OLUÁ-Ô!!!
Professora Drª Katya Gualter.
¹ Frase de autoria de Mãe Menininha do Gantois.
² LOPES, Nei. Logunedé. “Santo menino que velho respeita.” Rio de Janeiro: Pallas, 2007.

